Pov de Lohaynne
Logo desci, pois minha mãe estava impaciente. Enquanto Larissa se arrumava fui pro meu quarto escrever um pouco e nem vi a hora passar. Assim que apareci na porta da sala minha mãe me repreendeu e logo entrei no carro.
A caminho da casa de vovó Laura, apenas meus pais conversavam sobre futilidades, Larissa estava entretida jogando em seu celular e eu apenas olhava a paisagem. Não demorou muito para que chegássemos a Port Angeles e mais uns cinco minutos depois chegamos a casa da vovó.
Ao sairmos do carro deu pra se ouvir as risadas dentro da casa. Todos pareciam animados, mas assim que entramos todos se calaram e olharam pra nós como se fossemos duas aberrações, até que notei meu pai olhando feio pra todos e logo eles voltaram a conversar, não tão animados e outros saíram da sala.
Fomos cumprimentar vovó Laura e depois de um pouco de conversa, eu e Larissa fomos pro jardim. Já sentadas ao lado de um arbusto...
— Você viu como todos nos olharam? Eu já estou acreditando que somos duas aberrações.
— Não diz isso irmã, eles agem assim porque somos as esquisitas da família, esqueceu? –Eu disse tentando animá-la.
— Puta que pariu! –Ela se exaltou.- Para de tentar tapar o sol com a peneira minha irmã! Podemos até ser as estranhas da família, mas isso não significa que eles tenham que nos ignorar! As vezes até nos tratam mal! É como se não pertencêssemos a essa família! Até a vovó Laura fica estranha quando estamos perto! –Ela disse irritada.
— Eu estava pensando... Porque não convencemos o Jake e o Paul a irem embora com a gente pra fora de Forks?
— Não se iluda irmãzinha... Sabemos que eles não irão, eles amam a reserva, família e amigos.
— Verdade... –Eu disse abaixando minha cabeça. – Eu amo o Jake, mas também amo a música. Eu não quero ficar o resto da minha vida naquela maldita cidade tocando um som que eu nem curto.
— Eu também não, mas não teria coragem de largar tudo o que estou vivendo com Paul. Eu largaria toda essa vida de luxo que temos e viveria com Paul na reserva, apesar que não sei fazer nada que uma dona de casa faz. –Ela disse tentando me alegrar. –O máximo que sei fazer é ajeitar a casa... Mas também não é grande coisa.
— Pra falar a verdade nem eu... –Eu disse rindo.
Nisso ouvimos nossos primos Will e Hugo conversarem sem nos notar atrás dos arbustos.
— Fala sério cara! –Dizia Hugo empolgado. –A Larissa é muito gostosa! E a Lohaynne? Vai me dizer que você não daria uns catinhos nelas?
— Para de falar merda Hugo, você já está bêbado!
— Eu sei que você é apaixonado pela Lohaynne! Vai me dizer que você não chega nela pelo o que a tia Margô fala?
— Minha mãe deve ter razão no que fala... É estranho o tio Joel dizer que adotou duas crianças e dois anos depois eles aparecem com duas adolescentes? Eles disseram que foi um mal entendido, que todos o interpretaram mal... Que pra eles as duas vão ser sempre garotinhas... E você já notou como a beleza delas chama a atenção demais? E os olhos delas, mudam cara, isso não é normal. Elas olham como se fosse nos devorar! –Will apavorado.
— Você anda assistindo muito filmes de terror cara! –Disse Hugo na gargalhada.
Nisso eles saem e nos deixam em choque pelo o que ouvimos. “Nós éramos adotadas!” Ouvir aquilo doeu. Como se alguém enfiasse um punhal em meu peito e o que realmente me apavorou foi que pela primeira vez na vida eu consegui sentir a dor da minha irmã. Foi como um estalo e logo em seguida eu estava sentindo a dor dela.
Tínhamos nosso pai como um herói, ele era o único que se importava com a gente, mamãe sempre foi fria e depois de um certo tempo se afastou mais ainda da gente como se fossemos estranhas, as vezes dava pra ver em seus olhos que ela tinha medo da gente e sentir tudo isso da minha irmã quase me enlouqueceu.
Era como se eu tivesse entrado na mente dela, ela pensava várias coisas ao mesmo tempo e isso estava sendo demais pra mim. Larissa estava com o ódio estampado no rosto e eu sabia que ela faria alguma loucura. Sem dizer nada, ela se levanta e vai pra dentro da casa a procura de nossos pais. Logo fui atrás dela pra tentar impedir que ela fizesse alguma merda.
— Calma Larissa! –Eu disse com uma mão na cabeça, ouvi-la assim estava me enlouquecendo. –Não estrague o momento da vovó!
— Aquela velha rabugenta não é nossa avó! –Ela dizia entre os dentes.
— Pense no papai! Ele sempre procurou fazer o certo pela gente!
— Não me interessa! Ouvir essa confissão foi a minha libertação!
Nisso ela entra na casa como um furacão empurrando todos que estava em seu caminho. Assim que entramos na casa foi desesperador pra mim, era como se eu pudesse ouvir os pensamentos de todos ali dentro, minha cabeça parecia que iria explodir. Ao chegarmos na ampla sala de estar nossos pais estavam sentados no sofá conversando com tia Margô, tio Victor e vovó Laura e Larissa chegou rosnando de raiva.
— Porque vocês mentiram pra gente? –Ela perguntava com um olhar de ódio.
— Que foi minha filha? Porque você está transtornada desse jeito?
— Não me chame de filha! Você não é meu pai!
— Meu amor, vamos conversar. –Disse papai se levantando e pondo a mão no braço de Larissa.
— Tire a mão de mim!
— Veja como você fala com seu pai, mocinha! –Minha mãe dizia quase gritando. –Pare de dar vexame! Estão todos olhando! –Ela disse olhando ao redor.
— Você só pensa nisso não é? No que os outros vão dizer! Saiba que todos não estão nem aí pra você! Pra eles se você morrer agora vai ser um grande alivio, pois ninguém te suporta!
— Calma irmã.
— Não me peça calma Lohaynne! Durante todo esse tempo eles nos enganaram! A “mamãe” sempre nos humilhou! Ela não está nem aí com a gente e agora eu sei o porque, não somos suas filhas de verdade!
— Filha, eu amo vocês como se vocês fossem minhas filhas de verdade, eu nunca escondi isso de vocês!
— Se você nos ama tanto porque mentiu pra gente todo esse tempo? –Ela perguntava já em prantos. –Porque deixou a família nos olhar diferente? Nos ignorar? Porque você deixou ela nos humilhar! –Ela disse apontando para a nossa mãe. – Você sabia que eu e a Lohaynne éramos ignoradas pela sua mulher? Quantas vezes ela nos fez sair de casa porque iria receber as amigas? Ela sempre teve vergonha da gente!
— Eu não sabia filha, eu juro! –Disse nosso pai incrédulo.
— Querido isso é mentira dela!
De repente foi como se eu tivesse me conectado com mamãe e logo despejei tudo o que se passava em sua cabeça.
— Para de mentir pelo menos uma vez! Sua vida toda é uma mentira! - Eu disse irritada.
— Lohaynne! –Disse mamãe incrédula, pois eu era a filha que não tinha boca pra nada.
— Você mentiu pra ele todo esse tempo! Você disse que não podia ter filhos e isso é mentira! Você não nasceu pra ser mãe, você nem gosta de crianças, todo esse tempo você apenas nos suportou pra não perder a grana do papai!
— Olha aqui sua monstrinha! –Disse minha avó se intrometendo no meio. –Vocês nunca foram bem vindas a família! Vocês foram um momento de loucura! Uma loucura que eu nunca aprovei!
— Cala a boca sua velha maldita! –Disse Larissa olhando pra ela. – Ou eu...
— Ou você o que? –Ela disse indo pra cima de Larissa.
Quando Larissa foi pra cima dela, tio Victor entrou na frente e ao levantar a mão para minha irmã, ele parou e de repente ele ficou branco, como se tivesse visto um fantasma e logo começou a recuar como se estivesse com um medo assustador dela. Vendo que ia dar merda puxei Larissa pelo braço e saímos da casa. Todos nos olhávamos como se fossemos monstros. Logo saímos dali sem direção.
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Pov de Paul
Estávamos todos reunidos a volta da fogueira, apenas esperando algumas pessoas que estavam atrasadas. Estar ali sem o meu grande amor era frustrante, eu sonhei tanto com esse dia e por causa do aniversário de sua avó ela não estava aqui. Até Jake estava desapontado, pois ele queria poder contar logo toda a verdade para Lohaynne.
Eu estava isolado quando percebi Jake pegar o celular varias vezes e desligar sem menos olhar quem era. De repente bateu uma angustia, um aperto no peito e isso estava me incomodando, até que não aguentei e fui falar com Jake.
— Hey irmão eu não estou legal.
— Da pra se ver pela sua cara... Tá com dor de barriga? –Ele disse rindo, mas logo ficou serio por ver que eu não estava achando graça.
— To com uma angustia... Um aperto no peito. –Eu disse colocando a mão no peito como se estivesse sentindo uma dor de fato.
— Você está me assustando. –Jake disse preocupado.
Nisso Jake se calou de repente.
— Minha pequena...! –Ele disse de repente e notei que ele estava com um leve tremor.
— Que foi? –Perguntei não gostando da cara que ele fez.
Nisso o celular dele começou a tocar novamente.
— Não vai atender não? Pode ser importante.
Sem dizer nada Jake pega o celular e olha pra tela.
— Bella? –Ele estranhou. –Por que ela estaria me ligando?
— Só vamos saber se você atender, seu besta.
Logo ele atendeu.
— Jake... Ainda bem que você atendeu.
— Oi Bells, era você que estava me ligando?
— Sim, eu preciso falar com você.
— Agora não dá, estão nos chamando. –Jake diz ouvindo Sam nos chamar.
— É importante Jake! É sobre a Larissa e a Lohaynne.
Ao ouvirmos o nome das garotas petrificamos.
— Jake! Jake! Você ainda está aí?
Sem perder tempo peguei o celular da mão de Jake e comecei a falar com Bella.
— O que aconteceu Bella? –Perguntei nervoso
— As duas sumiram Paul. –Ela disse por fim.
— Como assim sumiram? –Eu perguntei praticamente aos berros.
— Não sei ao certo. O pai delas ligou pro meu pai pedindo ajuda. Parece que eles estavam na casa da avó em Port Angeles... Deu uma briga feia e as duas saíram sem destino.
— Merda! –Eu disse irritado. –Eu to indo aí pra conversarmos melhor!
— Não adianta, meu pai já foi pra delegacia e de lá ele iria pra Port Angeles.
— Tudo bem então. Estamos indo pra Port Angeles, qualquer coisa eu te ligo. Tchau.
— Vamos Jake!
— O que será que aconteceu pra elas sumirem assim? –Jake perguntou atordoado.
— É o que vamos descobrir!
— Que foi? –Disse Sam se aproximando preocupado. –O que aconteceu com as meninas?
— Elas sumiram. Não sabemos ao certo, mas assim que descobrirmos ligaremos avisando.
— Leve o Quil com vocês.
— Tudo bem, vamos.
Logo nós três fomos pra casa de Jake pegar o carro e fomos pra Port Angeles saber ao certo o que havia acontecido com as meninas. Conheço a Larissa, ela é explosiva, mas não sumiria assim depois de uma briga séria com o pai, o pai que ela tanto amava e admirava. Algo sério estava acontecendo e eu não iria sossegar enquanto não descobrisse o que era.


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