Pov de Kelly



Eu me vi residindo em Forks com meus avós como resultado da decisão dos meus pais de me afastar do cenário agitado da cidade grande. Não é que eu fosse uma pessoa desajustada; na verdade, nunca os decepcionei. No entanto, minhas antigas amizades estavam trilhando caminhos distintos do meu. Durante o verão na casa dos meus avós, não tive muitas oportunidades de interação social, pois estava cercada por desconhecidos. Embora eles tenham tentado me introduzir ao círculo social de filhos de conhecidos, tenho preferência por construir minhas próprias relações interpessoais e me manter reservada.



Decorridos quatro dias desde o início das aulas, optei por adiar minha presença no primeiro dia de aula. Sentia desconforto ao adentrar um ambiente onde ninguém estava familiarizado comigo, enfrentando olhares curiosos e julgamentos alheios. Essa situação, para mim, representava um desafio, porém compreendi a necessidade de me adaptar e seguir em frente. Ingressei no primeiro ano do curso de Engenharia em Seattle, escolhendo um local mais distante pela perspectiva de residir em uma cidade pequena. A minha intenção era permanecer em uma área mais urbanizada, considerando que residir em um ambiente de pequenas proporções, carente das amenidades encontradas nas metrópoles, não se alinhava com as minhas preferências.



Naquela sexta-feira, decidi iniciar meu dia cedo e me encaminhar para a Universidade. Recebi a gentileza de meu avô, que, devido a um compromisso de negócios em Seattle, me ofereceu carona. Ao chegar em frente à instituição, decidi confrontar minhas apreensões. Atravessando o estacionamento sem muita atenção, fui surpreendida por um carro, que quase me atropelou. O condutor demonstrou cortesia, não emitindo buzinaços ou comentários, apenas acionando os freios. Prontamente, afastei-me e continuei meu percurso, sentindo o olhar das poucas pessoas presentes naquele momento.



Dirigi-me à sala do diretor para entregar minha documentação de transferência e obter informações sobre meus horários. Após receber um discreto repreendimento pela minha ausência no início do ano letivo, obtive os horários necessários e me encaminhei para minha sala de aula. Ao chegar à porta, percebi a interrupção das atividades, todos voltaram sua atenção para mim, o que gerou um desconforto palpável. Após a autorização do professor, adentrei e busquei uma oportunidade para conversar com ele.



Após uma breve interação com o professor, tomei lugar na terceira carteira próxima à janela, buscando desfrutar da vista externa, pois tenho o costume de me perder em devaneios contemplando paisagens. Esta preferência quase resultou em retenção no ano anterior devido à minha distração em sala de aula. À medida que a aula teve início, gradualmente, as atenções voltaram-se para o conteúdo apresentado, permitindo-me relaxar.



O decorrer da aula transcorreu sem contratempos, sendo um alívio o fato de o professor não ter direcionado questionamentos específicos para mim. Ao término da aula, organizei meus pertences e dirigi-me imediatamente ao banheiro, sentindo a necessidade de usar suas instalações e me ajeitar.



Logo fui para a aula e depois de falar com o professor fui me sentar. Era aula de física, não sou nerds, mas adoro física. Eu estava sentada na segunda carteira da janela, dessa vez havia uma garota ao meu lado. Até que bonitinha, não demorou muito para que ela puxasse assunto comigo.



— Oi, me chamo Isabella Swan. -Diz tranquilamente com um leve sorriso nos lábios.



— Oi, me chamo Kelly. -Eu disse abrindo meu estojo e pegando uma lapiseira.


— Você é de Forks, não é?


— Como você sabe? -Eu disse surpresa, pois até então eu ainda não tinha falado com ninguém.


— É que sou de lá também. Outro dia te vi saindo da lanchonete e entrando no carro do senhor Lewis.


— Ah ta... Sou neta dos Lewis.


— Você não mora em Miami? O que veio fazer pra cá?


— Como você?... -Eu disse mais surpresa ainda.


— Forks é uma cidade pequena... Todos se conhecem, sem contar que meu pai é chefe de policia e conhece seu avô há anos.


— Hum... Pelo visto fazer algo ilegal, nem pensar, né? –Eu disse na gozação e acabamos rindo da situação.


— Desde que você chegou a Forks eu não te vi pela cidade.


— Não conheço ninguém. Meus avós até tentaram me enturmar com algumas pessoas, mas não deu muito certo.


Conversávamos animadamente, porém discretamente para não chamar a atenção do professor. Aquela manhã passou depressa e quando percebi já estávamos na hora do almoço. Isabella ou Bella, como ela pediu que eu a chamasse, me fez ficar a vontade e quando percebi já estávamos sentadas juntas no refeitório almoçando e conversando, até que um rapaz, até que bonitinho, se aproximou da mesa e cumprimentou Bella com um selinho.


— Oi minha vida. –Disse o rapaz com um largo sorriso. –Eu estava com saudades.


— Eu também. –Ela disse sem graça.


— Ai que fofo! –Eu disse sem pensar. –Não se vê mais isso por aí.


— É assim que todos os homens deveriam tratar todas as mulheres. –Disse o rapaz simpático.


— Edward, essa é Kelly Lewis. Kelly esse é Edward Cullen.


— Olá. –Disse o rapaz gentilmente e pegando minha mão.


— Oi. – Retribuí o gesto.


— Você é a garota do estacionamento que eu quase atropelei hoje de manhã. –Ele disse se sentando ao lado de Bella.


— Ah... Então você é pessoa educada que nem mesmo deu uma buzinada pra ver se eu acordava? –Eu disse um pouco sem graça.


— Não sou de me alterar com as pessoas assim tão fácil, você poderia estar com algum problema, porque eu chamaria sua atenção?


— Gente!... –Eu disse sem acreditar no que estava ouvindo. –De onde você saiu? Homens iguais a você não existe.


— Edward é único. –Disse Bella com entusiasmo. –E é só meu.


Conversávamos animadamente quando uma garota baixinha de cabelos escuros se aproximou de nós toda empolgada.


— Ed! Bella! –Disse a garota com um largo sorriso nos lábios.


— Lá vem bomba. –Disse Edward ficando sério e pondo a mão no rosto.


— Oi Alice. –Disse Bella gentil.


— Vamos ter festinha nesse final de semana! – Disse a garota toda empolgada puxando uma cadeira e sentando-se no meio dos dois.


— Mais uma festa, Alice? –Disse Edward mal humorado.


— A última festa que você organizou não deu muito certo. –Disse Bella desanimada.


— Mas essa vai ser demais! Oi... Você é nova por aqui? –Disse a garota olhando pra mim.


— Sou sim.


— Ah!... Desculpe-me... Kelly essa é Alice Cullen.


— Oi! Você também está convidada pra festinha.


— Alice, por favor!... Não vai colocar a Kelly em roubada. –Disse Edward ainda mal humorado.


— Não tenho culpa se você sabe quem aparece nas minhas festas e faz o showzinho dele.


— Vou adorar ir, não conheço muita gente, quem sabe assim eu me enturmo rápido?


— Gostei de você! –Disse Alice super amável comigo.


— Hey, sua avó trabalha com o meu pai no hospital de Forks.


— Que legal, pelo menos temos algo em comum. –Eu disse bebendo um gole de suco de uva.


— Nossa... O senhor e senhora Lewis são tão novos para serem avós.


— Alice! –Disse Edward super sem graça.


— Tudo bem. –Eu disse tentando segurar o riso, era estranho como ele era tão gentil com os outros e com a irmã ser tão seco. –Meus avós se casaram cedo, mas não foi por isso que eles pararam com a vida. Antes deles terminarem a Universidade eles já tinham o meu pai e minha tia Leandra. Eles são gêmeos, mas não idênticos. Pelo fato deles serem ricos eles não tiveram problemas com nada, sem contar que eles são muitos vaidosos e se cuidam.


— Preciso saber o segredo de sua avó… Ela está bem conservada pra idade que tem. –Disse Alice sem pensar.


— Alice! Vai cuidar da sua festa! Você tem muito que fazer! –Diz Edward alterado.


— Verdade... Nos vemos depois. Tchau!


Nisso Alice saiu correndo do refeitório.


— Desculpa pela minha irmã. Ela fala as coisas sem pensar. –Disse ele sem graça.


— Tudo bem. Gostei dela, a Alice é verdadeira.


— Verdadeira até demais.


Conversamos por mais algum tempo até que o sinal tocou e nos despedimos. Até o final das aulas eu só fiquei com Bella por mais uma aula, depois nos separamos. Finalmente a aula acabou eu não via a hora de ir passear um pouco por Port Angeles pra depois ir pra casa. Minha avó estaria no hospital, meu avô na empresa, eu não queria ficar sozinha em casa. Depois de guardar minhas coisas no armário, fui ao banheiro para me ajeitar e logo sai, Port Angeles me esperava. Eu estava me aproximando da saída quando Alice me chamou.


— Oi. –Disse ela um pouco séria. – Sobre hoje no refeitório... Desculpa-me. Às vezes eu falo coisas sem pensar.


— Isso é uma qualidade, nunca mude. Gosto de pessoas que são verdadeiras.


— Valeu.


Nisso ouvimos um tumulto no jardim em frente a Iniversidade.


— Nossa o que será que aconteceu? –Perguntei sem pensar. –Será que alguém bateu o carro?


— Aposto que é o Edward, a Bella e o Jacob. –Diz seriamente.


— Quem?


— Ih... É uma longa história, depois a Bella te conta. Vamos. –Disse ela pegando em minha mão e me puxando.


Ao chegarmos perto...


— O que foi que eu disse? –Disse ela olhando pra mim com um sorriso sarcástico.


— Eu não quero você perto dela de novo! –Berrou Edward, um Edward que eu não conhecia. Tá certo fiquei apenas alguns minutos ao seu lado, mas ele realmente parecia ser tão diferente dos outros rapazes.


— Calma Edward! Ele só veio aqui... – Calou-se de repente. No meio daquela confusão toda a Bella ficava em cima do muro? Realmente não entendi. – Jake, vai embora!


— Eu não vou a lugar nenhum! Agora não posso falar com meus amigos porque “ELE” não quer? –Disse o rapaz debochadamente.


— Larga de ser cretino!- Disse Edward descontrolado.


— Chega os dois! –Berrou Bella. –Vamos Edward, eu quero ir embora agora! –Diz pegando em sua mão. – Tchau Jake e obrigada por me procurar.


Nisso ela sai arrastando Edward dali e Alice os segue.



— Alice! –Eu disse quase que gritando.


— Que foi? –Disse ela olhando para trás, mas andando rapidamente.


— Vocês vão pra onde agora? –Eu perguntei com a esperança de algum deles me levarem pra sair.


— Com certeza pra Forks, você vem?


— Não, mas valeu. - Eu disse desapontada.


— Então nos vemos amanhã na festa. Tchau!


— Droga. –Eu queria muito sair, eu não queria ficar em casa de bobeira. Quando dei por mim, as pessoas tinham se dispersado e eu estava parada ali e ao meu lado o rapaz da briga. Até que ele é gatinho.


— Pelo jeito eles te deixaram na mão. –Ele disse todo fofo olhando para mim.


— Ah... Eu... Quer dizer... – “Para! O que eu estava fazendo? Fala direito com ele sua idiota!”— Não, é que eu não estou a fim de voltar pra Forks agora. Pensei que a Bella poderia me levar pra conhecer alguma coisa.


— Você tem como sair daqui?- Ele disse me olhando de cima a baixo.


— Sim, vou pegar um táxi e ver o que tem pra se fazer por aqui. –Eu disse toda sem graça.


— E seu carro?- Ele perguntou olhando para os lados.


— Eu não tenho. – Nessa hora senti minhas bochechas arderem, com certeza eu estava vermelha.


— Venha, eu te dou uma carona. –Ele disse com um sorrisinho que deixaram minhas pernas bambas.


— Eu nem te conheço. –Disse para parecer um pouco durona.


— Jacob Black. –Diz ele pegando em minha mão, me puxando e me dando um beijo na bochecha.


— Kelly Lewis. –Eu disse tentando parecer natural. “Será que ele notou como eu fiquei?”


— Se você é amiga da Bella é amiga minha também. –Disse ele com um largo sorriso que acabou mexendo tanto comigo que eu comecei a suar frio. –Vamos. –Ele disse pegando em minha mão e me puxando em direção a uma moto.


— Nossa... Você está com a mão fria e suando muito. Você está bem? –Perguntou ele preocupado.


— S-sim. –Comecei a gaguejar. –É que eu tenho medo de andar de moto. – “Porque eu disse isso”?


— Não se preocupe. Você esta com o melhor piloto de Forks. –Disse todo convencido. –Pra onde vamos? –Diz ele pegando o capacete e me entregando.


— Não sei, eu não conheço nada em por aqui.


— Já sei onde te levar então. –Disse ele com um lindo sorriso.


Eu estava vendo que essa amizade iria render muita coisa.



Próximo

0 Comments: