Assim que o abracei ele desabou a chorar, do mesmo modo que ele fazia quando era criança. Ele tremia inteiro, eu sabia que ele estava sofrendo muito com tudo o que estava acontecendo e eu faria de tudo para que tudo passasse o mais rápido possível. Puxei Henrique, para que ele se sentasse para podermos conversar e notei que Olga havia saído e nos deixado a sós.



― O que está fazendo aqui? - Ele perguntou coma voz falhada.


― Você é meu filho, é óbvio que eu viria atrás de você.


― Você não tem que estar aqui. Agora você tem a Nanda e...


― Você é MEU FILHO e estará sempre em prioridade na minha vida ok. - Eu disse lhe dando um beijo na testa. - Porque você saiu de casa assim sem falar comigo?


― Não quero atrapalhar sua nova vida pai. Eu sinto que estou sobrando, entende? Não quero ser o muro entre você e a Nanda.


― Olha a besteira que você está dizendo meu filho! Você nunca foi um muro entre nós! Quando ela aceitou a se casar comigo ela sabia que eu tenho um filho e que ele viria no pacote!


― Não adianta o senhor me dizer que não atrapalho porque sei que isso não é verdade! Ela sabia que pra ficar com você teria que me aceitar e ficar quieta! Ela nunca fez questão de me incluir na vida de vocês! Você se lembra da viagem pro Japão? Todos sabiam que era meu sonho conhecer o Japão e ela fez planos, arrumou tudo sem me incluir! Quando o senhor ficou sabendo que eu não iria ela veio com uma conversa de que seria algo de vocês dois apenas e de que eu já tinha planos para aquelas férias!


― Você disse que iria viajar com o Léo... - Eu disse me lembrando da ocasião.


― Passei o tempo todo aqui na casa de praia sozinho... - Ele disse por fim.


― Ai meu Deus... - Eu disse pasmo.


― Só te contei isso agora pra você ver o quanto sou insignificante naquela casa. Não quero ver vocês brigando por minha causa, do mesmo jeito que você fazia com a mamãe. Pela primeira vez na vida eu entendo isso e quero que respeite minha decisão. Quero morar sozinho e ter minhas coisas.


― Mas aqui é longe da Universidade e...


― Por enquanto é isso, quero arranjar um emprego, juntar uma grana e comprar um apartamento pra mim e não quero sua ajuda.


― O que? - Eu disse em choque. - Somos bem de vida seu cabeçudo! Você pode comprar um apartamento perto da Universidade ainda hoje se quiser. Quanto a trabalhar... Você pode pegar o seu dinheiro e abrir um negócio até se formar, não crie obstáculos.


― Não quero a Nanda dizendo que estou pegando o seu dinheiro.


― O dinheiro é seu também, ela não tem que falar nada.


― Tudo bem, mas não me peça pra voltar agora, não quero mais bater de frente com ela e nem com a Dany.


― Mas Henrique...


― Por favor, respeite minha decisão pai! E me prometa que você não vai brigar com sua esposa por minha causa, por causa da decisão que tomei.


― Henrique...


― Por favor, pai, me prometa! Não quero ser o motivo do seu casamento terminar! Eu não vou viver bem pensando nisso.


Merda, meu filho estava me pedindo algo tão grande no momento, ele prefere ficar fora de tudo apenas pra me ver feliz, mas eu não quero magoá-lo mais.


― Por favor...


― Tudo bem. - Eu disse derrotado. - Mas com uma condição.


― Qual?


― Que você arrume um apartamento pra amanhã e que não saia do escritório. Me acostumei com a sua presença por lá. - Eu disse sorrindo. - Sem contar que não quero ficar longe do meu único filho.


― Tudo bem então... - Ele disse mais calmo.


― Certo! Agora vamos ajudar a Olga com o jantar porque estou morrendo de fome. - Eu disse fazendo uma careta.



Seria isso no momento, até eu ter uma conversa com Nanda sobre o nosso futuro.


Próximo

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